sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A TEMIDA E PECULIAR ILHA DAS COBRAS

Amigos, visitantes e apaixonados por natureza, sejam bem vindos a esse post mais do que super especial, onde você verá fotos INÉDITAS da Ilha das Cobras, enviadas carinhosamente pelo RICHARD RASMUSSEN. Sinto imenso prazer em escrever esse post!!! 

A Ilha da Queimada Grande, também conhecida como Ilha das Cobras, é considerada o segundo lugar mais perigoso do mundo para viver ou visitar. Se formos levar em consideração somente Ilhas, ela é a mais perigosa. Vários sites indicam isso. Veja, por exemplo, no site http://www.elhombre.com.br/os-14-lugares-naturalmente-mais-perigosos-do-mundo/ 

Localizada no Município de Peruíbe, a Ilha da Queimada Grande fica a 35 km da costa (2 horas de navegação), tem aproximadamente 43 hectares (40 campos de futebol) e não tem praias. O acesso à Ilha é proibido e somente  analistas ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade podem ir lá, além de profissionais por eles autorizados. Foi o caso do Richard, que esteve aqui em 29 e 30 de junho passado, junto com o pessoal do Butantan, de SP. Esse instituto é um órgão federal que administra unidades de conservação do Brasil. Desde 1.984 a ilha foi estabelecida como uma ARIE: ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO.

     Ilha da Queimada Grande. Foto Nitroimagens:


RICHARD RASMUSSEN chegando em um dos poucos pontos de desembarque da ilha:


A ilha é um rochedo de granito, com morros de até 210 metros, forrados por Mata Atlântica. Por lá, não existe água potável e nenhum tipo de animal mamífero. Pela foto dá para perceber que penhasco é o que não falta por lá! Somente baratas silvestres e outros insetos,  sapos, aranhas e cobras habitam esse meigo ponto no vasto oceano!!!! É uma ilha quente, com trilhas íngremes, com chuvas e tempestades de vento bem fortes. Se aqui em Peruíbe é assim, imagino na ilha, que está no mar aberto! 

                   Equipe do Richard morro acima:

Daqui da rua da minha casa é muito interessante, pois a visão da ilha fica bem centralizada no final da rua e ocupa toda a vista do mar. 

Em perspectiva, conforme andamos na direção do mar, ela vai diminuindo, diminuindo, até ficar pequena, diante da imensidão do mar. Quando o dia está sem névoa lá em alto mar, ela fica linda, imponente. É visível sem nenhum problema, é grande e passou a fazer parte da minha vida, já que a vejo todos os dias!



Bem, voltando ao texto..rsrs, antes de escrever sobre as cobras, vamos entender COMO ELAS FORAM PARAR E FICAR POR LÁ?!

Há uns 55 milhões de anos, a Ilha se formou por um desdobramento das origens da Serra do Mar, fazendo parte de uma única massa de terra. Diferentes momentos de evolução da crosta terrestre ocorreram. Entre 10 e 12 mil anos atrás, terminou a última era Glacial, o nível dos oceanos se elevou e ocorreu a formação da ilha, já que essa parte do continente ficou cercada de água por todos os lados!

No começo, a população de serpentes era igual as daqui do continente (Bothropoides jararaca). Mas elas tiveram que se moldar a uma nova condição de disponibilidade de alimentos e passaram a se adaptar à vida em cima das árvores, pois o principal alimento eram as aves migratórias. O fato delas terem ficado isoladas na ilha também levou a falta de predadores naturais. O que aconteceu? Infestação total.
                                                          Jararaca-ilhoa. Fonte: DNI:
Dai, essa mudança de padrão alimentar fez, ao longo das diversas gerações, ocorrer uma alteração comportamental: as jararacas-ilhoa (Bothropoides insularis) aprenderam a prender-se no alto das árvores pela cauda, formando um laço em volta dos galhos. Os indivíduos jovens andam somente no solo, como suas parentes do continente e comem lacraias, lesmas, sapos, etc. Quando adultos, passam a frequentar as árvores e se alimentar das aves.




OS FAMOSOS: Richard e a jararaca-ilhoa (Bothropoides insularis):


A evolução fez o veneno da jararaca-ilhoa tornar-se mais potente para que a presa, uma vez mordida, morra rápido. O veneno da jararaca aqui da terra firme, após inoculado, demora mais para fazer efeito. A cobra pode esperar até a presa esmorecer. No caso das aves, se elas demoram para morrer, lá se vai a comida voando...rsrs De nada adianta a presa morrer no mar. Dai, a adaptação às novas condições de vida ilhada fez o veneno ser 5 vezes mais potente que a jararaca continental. A ilhoa pica a ave e não a solta. Ela morre rápido e pronto... refeição servida.

Afrânio do Amaral foi um dos primeiros diretores do Instituto Butantan, de São Paulo e um dos pioneiros no estudo da jararaca-ilhoa, em 1.921. Já em 1.948 pesquisadores brasileiros descobriram o vasodilatador bradicinina, vindo do veneno da jararaca continental. Ele tem ação anti-hipertensiva e originou o medicamento Captopril. Em 2.001, foi patenteado o Evasin, de mesma origem e função. 

Apesar do soro antiofídico ser o mesmo, para as duas espécies, acredita-se que algumas enzimas da ilhoa possam dar origem a novos fármacos. Somado a isso o fato da ilhoa ser endêmica, ou seja, só existe na Queimada Grande, torna a Ilha um paraíso para a biopirataria, uma grande preocupação entre os ambientalistas, segundo explica Raulff Lima, que atua na Renctas, ONG de combate ao tráfico de animais. "As serpentes, de um modo geral, são muito resistentes. Elas podem ficar dias sem comer, o que facilita seu envio para outros países."

 Pesquisadoras do Instituto Butantan, que estavam na Ilha, junto com o Richard, em junho passado:

                                                            Richard e a barata silvestre:


Segundo o Richard Rasmussen, os verdadeiros "donos" da Ilha das Cobras são as baratas silvestres. Então, tá...sei que a maioria das pessoas não é chegada em baratas, mas essas são diferentes, gente, são silvestres!!!!kkkkk Bem, se ele disse isso, imaginem a quantidade de baratas que tem por lá. Cinco cobras por metro quadrado é fichinha!!!





Temos também uma população de aranhas armadeiras, que são perigosas meeeesmo! O que mais me emociona, no Richard, é o contentamento que sente ao se deparar com "caras" assim, como ele costuma dizer...rsrs

Richard e a aranha armadeira. A fisionomia de felicidade dele é ímpar!:

Foto de um dos penhascos. Fonte: DNI:


            Farol da Ilha. Foto: DNI:

Na ilha, existe um farol, instalado em 1.909, cuidado por funcionários da Marinha. Desde 1.940 ele foi automatizado: é operado à distância, bem mais seguro. É visitado para manutenções anuais e com toda segurança. Existem várias histórias/lendas envolvendo a Ilha. Abaixo, cito a transcrição do blog:
http://mundotentacular.blogspot.com.br/2013/03/ilha-das-cobras-o-maior-serpentario.html
"...funcionários da Marinha que cuidavam do farol, instalado em 1909. Eles mencionavam constantemente a quantidade incrível de cobras na ilha, mas a maioria das pessoas no continente achava que aqueles relatos não passavam de exagero. "História de Pescador". Em uma carta, um dos faroleiros relatou: “Para cúmulo de infelicidade, os moradores da Queimada Grande, de vez em quando se veem privados até das próprias galinhas, que criam para sua subsistência, pois que, sendo lá o ‘paraíso das cobras’, esses pobres animais são frequentemente dizimados”, escreveu um deles em 1921.

Tem uma história, que pode ser lenda, que a família de um faroleiro morreu, atacada pelas cobras, após uma forte tempestade. As cobras entraram na casa e mataram o marido, esposa e três filhos.

CURIOSIDADE: "Em meados do século XIX havia planos de utilizar a ilha para o plantio extensivo de bananas. Uma companhia chegou a arrendar a área e enviar um grupo de trabalhadores para derrubar a mata atlântica e preparar o solo para o plantio. Só não contavam com as cobras. Para tentar espantar os animais, espalharam óleo na mata e atearam fogo esperando que isso desse cabo dos répteis. A coluna de fogo foi tão alta que podia ser vista  em Itanhaém e Peruíbe, e serviu para batizar a Ilha que passou a ser chamada de Queimada Grande. É claro, de nada adiantou. As cobras continuaram atacando e assustando os trabalhadores, logo ninguém mais queria trabalhar ali e os planos foram abandonados." Fonte Blog Mundo Tentacular.

Pesquisar e proteger a Ilha não é nada fácil. Por isso, admiro muito o trabalho do Richard e de tantos pesquisadores que já passaram por lá. Inclusive, nos anos de 1.960, outro Richard, dessa vez um belga, já esteve na Ilha. Deixo meu abraço carinhoso ao Richard Rasmussen, biólogo, pesquisador e aventureiro, que nos proporciona momentos raros de conhecimento e contato com a Natureza. Com esse abraço, homenageio todos os pesquisadores que dedicam suas vidas à pesquisa e enriquecem nosso saber.

Obrigada, Richard Rasmussen, sua equipe e a todos os pesquisadores!:


 Deixando a Ilha. Foto DNI:

Temos também a Ilha da Queimada Pequena, que fica mais perto de Peruíbe, a 22 km da costa, e é bem menor. Também faz parte da ARIE. De longe, elas parecem estar perto uma da outra, mas não estão!!!

Ilha da Queimada Pequena:


É isso, amigos. Eu gostei muito, e vocês?! Vários sites foram pesquisados, além das fotos lindas que o Richard mandou. Em especial, destaco o Blog "Mundo Tentacular", cujo link está ao lado da foto do Farol. Também podem ver: 

http://misteriosdomundo.org/a-ilha-mais-mortal-do-mundo-esta-no-brasil/;www.curtoecurioso.com.br

www.viajeaqui.abril.com.br/materias/ilha-queimada-grande-sao-paulo;

https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rea_de_Relevante_Interesse_Ecol%C3%B3gico_Ilhas_Queimada_Grande_e_Queimada_Pequena

http://marsemfim.com.br/arie-ilhas-da-queimada-pequena-e-queimada-grande/

Obrigada pelo carinho, paz e luz.


Sofia Golfetto Silva
Consultora em organização

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